20 anos das Relações Diplomáticas Brasil-Ucrânia

Escrito por no dia 11 de fevereiro de 2012 em Sem categoria - 1 Comentário

20 anos das relações diplomáticas Brasil-Ucrânia e a
Comunidade Ucraniana

Em 11 de fevereiro de 2012 completaram-se 20 anos do estabelecimento formal das relações
diplomáticas entre o Brasil e a Ucrânia.

Mas asrelações entre o Brasil e a Ucrânia já existiam – se bem que informalmente –
desde a declaração da independência da Ucrânia no dia 24 de agosto de 1991 e a
realização do referendum no início de
dezembro do mesmo ano, em que a esmagadora maioria da população ucraniana
confirmou a independência. Tais relações eram fruto do idealismo da comunidade
ucraniana do Brasil, que através da diretoria da sua Representação Central
Ucraniano-Brasileira e empenho de suas principais lideranças envidou esforços
para acelerar o processo de reconhecimento da independência da Ucrânia da parte
do Brasil e de estabelecimento das relações formais completas com a abertura
das respectivas embaixadas e consulados.

Já em outubro de 1991 recebemos no Brasil a visita do 1º Ministro da Ucrânia Vitold
Fokin e comitiva de 12 integrantes do Governo da Ucrânia. A visita ocorreu em
Brasília, onde foram recebidos pelo Presidente Fernando Collor de Mello (se bem
que ainda não oficialmente, pois o Brasil ainda não havia reconhecido a
independência da Ucrânia), no Rio de Janeiro, recebidos pelo Governador Leonel
Brisola e em Curitiba – nos dias 18 a 20 de outubro de 1991, pelo Governador
Roberto Requião de Mello e Silva e pela comunidade ucraniana, que comemorava
naquele ano o Centenário do início da imigração ucraniana no Brasil. A visita incialmente
era para limitar-se ao Rio de Janeiro e Brasília, mas estendeu-se ao Paraná a
convite oficial do Governo do Estado do Paraná, por especial empenho do então
assessor do Governo estadual e membro da comunidade Vitório Sorotiuk e a
convite da comunidade ucraniana, articulado pela diretoria da RCUB, cujo então
presidente Mariano Czaikowski, em viagem à Ucrânia no início de outubro de 1991
foi recebido em Kyiv no Gabinete dos Ministros pelo Chefe de Cerimonial Sr.
Taranenko e formulou tal convite pessoalmente.

Ainda sob o impacto positivo de tão importante visita, a comunidade mobilizou-se ainda mais
por ocasião do referendum, ocorrido
em toda a Ucrânia no início de dezembro de 1991 – e aqui em Curitiba, em ato
simbólico e de solidariedade com o seu país de origem, simulou uma votação
simbólica, com resultado de 100% de apoio à independência da Ucrânia e iniciou
uma campanha de coleta de 10.000 assinaturas em carta dirigida ao Ministério
das Relações Exteriores do Brasil pedindo o reconhecimento imediato pelo
Governo do Brasil da Independência da Ucrânia. De fato o Brasil reconheceu a
independência da Ucrânia a seguir, após a extinção formal da URSS, e chegou-se
então logo mais à formalização do início das relações diplomáticas. O ato
formal ocorreu no dia 11 de fevereiro de 1992 mediante troca de
correspondências entre os Ministérios das Relações Exteriores dos dois países.

Mas na ausência das respectivas Embaixadas, a comunidade ucraniana – através da RCUB –
continuou estimulando as relações de fato entre os dois países.

Em meados de 1992, com a presença na ECO-92 no Rio de Janeiro de importante delegação do
Governo da Ucrânia – encabeçada pelo Presidente do Parlamento Ivan Pliúsch, e
com a presença dos deputados ucranianos Yuri Kostenko e Wolodymyr Iavoriwskyi e
do Ministro do Meio Ambiente Yuri Scherbak, a RCUB mobilizou-se de novo e os
convidou a visitar a comunidade em Curitiba e novamente com o apoio do Vitório
Sorotiuk obteve que também essa delegação fosse oficialmente convidada e
recebida com todas as honras pelo Governo do Estado do Paraná.

Em dezembro de 1993 – membros da comunidade ucraniana – especialmente os três empresários
da área de turismo, sócios fundadores da DNIPRÓ GOLD Agência de Viagens e
Turismo Ltda – Sérgio José Maciura, Paulo Macuchen Nogas e Mariano Czaikowski –
apoiados por mais de dezena de empresários paranaenses, fundaram a CICBU –
Câmara de Comércio Brasil Ucrânia – que iniciou às próprias custas dos
fundadores um vasto trabalho de divulgação das potencialidades das relações
econômicas da Ucrânia, estimulando o comércio bilateral entre os dois países. A
atividade da CICBU foi muito intensa, tendo recebido delegações empresariais da
Ucrânia em Curitiba e acompanhando-as por diversas cidades do Brasil,
especialmente Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, bem como organizando viagens
turísticas e de empresários brasileiros para visitar a Ucrânia e iniciar
contatos comerciais e de cooperação.

A comunidade ucraniana, através da RCUB e com o apoio da CICBU tudo fez para que
fossem abertas as respectivas representações diplomáticas do Brasil e da
Ucrânia. Com esse fim foi para uma delegação de lideranças da comunidade
articulada com o então Secretário da Administração da Presidência, diplomata de
carreira do Itamarati Zenik Krawctschuk, uma audiência em 25 de março de 1994
no Palácio do Planalto com o Exmo. Sr. Presidente da República Itamar Franco, onde
em nome da comunidade reivindicou-se a abertura da Embaixada do Brasil em Kyiv,
na Ucrânia e apoio para a abertura da Embaixada da Ucrânia em Brasília. Sua
Excelência foi enfático que o faria em breve. E de fato dois meses depois, a
Embaixada do Brasil na Ucrânia, com sede em Kiev (Kyiv), foi criada por Decreto
de 25 de maio de 1994, assinado pelo Presidente ITAMAR FRANCO e Ministro Celso
Luiz Nunes Amorim, publicado do Diário Oficial de União de 26 de maio de 1994. O primeiro
Embaixador do Brasil na Ucrânia foi o Embaixador Asdrúbal Pinto de Ulysséa, que
assumiu a Embaixada no 2° semestre de 1994 – funcionando provisoriamente no
Hotel Dnipró, na Avenida Khreschatyk, em Kyiv, Capital da Ucrânia. O Embaixador
Ulysséa, em especial deferência à comunidade ucraniana, antes de assumir a
Embaixada, veio visitar Curitiba, Irati e Prudentópolis, conhecer os ucranianos
do Brasil – e nisso teve toda a simpatia da comunidade e o apoio da RCUB. O
mesmo ocorreu com os Embaixadores que o sucederam e a colaboração e excelente
relacionamento prossegue com o atual Embaixador do Brasil na Ucrânia Antônio
Fernando Cruz de Mello.

A Embaixada da Ucrânia foi por sua vez aberta em Brasília no ano seguinte, em julho de 1995. E já em outubro do
mesmo ano veio ao Brasil em visita oficial o Presidente da Ucrânia Leonid
Kutchma. Tanto na abertura desta Embaixada como na organização e acompanhamento
da visita presidencial, membros da comunidade ucraniana tiveram a honra de
estar presentes e de colaborar intensamente com o Exmo. Sr. Embaixador
Olexander Nykonenko. O mesmo ocorreu com os posteriores diplomatas ucranianos
titulares da Embaixada da Ucrânia em Brasília, o Encarregado de Negócios a.i.
Rostyslav Tronenko, os Embaixadores Yurii Bogaievsky, Wolodymyr Lakomov e
atualmente com o Embaixador Ihor Hrushko.

Da comunidade ucraniana do Brasil há dois Cônsules Honorários da Ucrânia, em Paranaguá (Mariano Czaikowski) e em São
Paulo (Jorge Rybka), cujo empenho é em prol da intensificação das relações
entre o Brasil e a Ucrânia.

A Representação Central Ucraniano
Brasileira, também posteriormente sob a presidência de Peter Jedyn e de José
Welgacz, mas especialmente sob a atual presidência de Vitório Sorotiuk tem
feito um intenso e constante trabalho de cooperação com as representações
diplomáticas dos dois países – estando engajada em eventos importantes, como as
visitas em 2010 do Presidente do Brasil à Ucrânia e a recente visita do
Presidente da Ucrânia ao Brasil, bem como em todas as atividades que marcaram a
comemoração dos 120 anos do início da imigração ucraniana no Brasil.

Enquanto os primeiros imigrantes
sonhavam por uma Ucrânia independente, coube às atuais gerações viver essa
realidade, e a comunidade ucraniana do Brasil, orgulha-se de ter prestado sua
colaboração e de continuar empenhada no fortalecimento, na consolidação e
intensificação das relações entre o Brasil e a Ucrânia. Por isso esse jubileu
de 20 anos é uma data relevante, motivo de orgulho e satisfação também para
todos os ucranianos do Brasil.

Curitiba, 11 de fevereiro de 2012.

Mariano Czaikowski, Cônsul Honorário
da Ucrânia em Paranaguá

EMBAIXADA DA UCRANIA NO BRASIL

Comunicado à Imprensa
20 anos das relações diplomáticas entre a Ucrânia e o Brasil

A história das relações diplomáticas entre a Ucrânia e a República Federativa do Brasil
começa em 11 de fevereiro de 1992. Procurando desenvolver a cooperação
bilateral mutuamente benéfica em interesses de ambas as nações, e estando
convencidos de que essa cooperação vai fortalecer a paz universal e a segurança
internacional, os Ministros dos Relações Exteriores da Ucrânia, Anatoliy
Zlenko,  e do Brasil, Francisco Rezek,
assinaram um acordo sob forma de troca de cartas sobre o estabelecimento de
relações diplomáticas.

Um passo seguinte foi a abertura de missões diplomáticas e consulares – a Embaixada do
Brasil em Kyiv foi fundada em 04 de janeiro de 1995, e em julho daquele ano
iniciou o seu trabalho Embaixada da Ucrânia na capital federal brasileira.
Ademais, no Brasil, foram estabelecidos dois postos consulares ucranianas: em
Curitiba, em 1996, e no Rio de Janeiro, em 2000.

Durante estes anos, o diálogo político entre os dois países estava desenvolvendo com um
dinamismo por meio de troca de visitas de Chefes de Estados e de Governos,
cnaceleres e outros altos oficiais. Em outubro de 1991, o Primeiro-Ministro da
Ucrânia visitou o Brasil. Os Presidentes da Ucrânia tinham feito uma visita de
estado (em 2011) e dois visitas oficiais (em 1995 e 2003). Além disso, os
Chefes dos estados ucraniano e brasileiro encontravam-se durante vários fóruns
internacionais, particularmente a Assembleia Geral da ONU em Nova York (nos anos
2003, 2005, 2009 e 2011) e a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável em
Joanesburgo (em 2002). Durante a Cúpula de BRICS, em 2011 na cidade chinesa de
Sanya, realizou-se uma reunião bilateral entre o Primeiro-Ministro da Ucrânia
Mykola Azarov e a Presidenta do Brasil Dilma Rousseff. Os Ministros das
Relações Exteriores da Ucrânia visitaram o Brasil em 1995 e 2012 com visitas
oficiais, e em 2005 com visita de trabalho.

Os líderes brasileiros chegaram à Ucrânia com visitas de estado em 2002 e 2009. Esta
última visita do Presidente do Brasil Luiz Inásio Lula da Silva, em dezembro de
2009, tornou-se um marco nas relações ucraniano-brasileiras, quando os Chefes
de ambos os países concordaram em elevar as relações bilaterais ao nível de
parceria estratégica.

Em 2011, depois de posse presidencial da Presidenta do Brasil Dilma Rousseff, as partes
reafirmaram o seu compromisso com parceria estratégica, que, em particular, foi
confirmado pelos resultados da visita de estado do Presidente da Ucrânia Victor
Yanukovych para o Brasil em outubro de 2011. As partes comprometeram-se a
preencher a parceria com o conteúdo concreto via realização dos projetos
existentes e iniciação dos projetos novos. E, em menos de 3 meses – em janeiro
de 2012, na continuação destes acordos o Ministro das Relações Exteriores da
Ucrânia Kostyantyn Gryshchenko realizou a visita oficial ao Brasil.

Estes contatos frutíferos internacionais resultaram-se em amlpliação significativa da
base legal, que hoje em dia totaliza 79 acordos bilaterais vigentes. Uma prova
concreta da natureza estratégica da parceria ucraniano-brasileira foi a entrada
em vigor, no final de 2011, do Acordo intergovernamental sobre a isenção
parcial de vistos, que facilitou o intercãmbio turístico e abriu novas
oportunidades de cooperação entre empresário dos dois países.

Um instrumento importante para a cooperação entre os países são os organismos
bilaterais de alto nível, tais como a Comissão Intergovernamental sobre
comércio e cooperação econômica e Sub-Comissão sobre comércio e investimento.
Levando em conta essa experiência sucessível, as partes concordaram
recentemente em estabelecer o Comitê Consultivo para a Agricultura.

Desenvolve-se com sucesso o relacionamento ucraniano-brasileiro no âmbito das organizações
internacionais. Em especial, a Ucrânia aprecia os esforços significativos do
Brasil para o fortalecimento da paz e estabilidade internacional, particularmente
durante sua participação no Conselho de Segurança da ONU, como um membro
não-permanente, no biênio 2010-2011, apóia a aspiração do Brasil de integrar,
como membro permanente, um Conselho de Segurança ampliado. Exemplos recentes
que confirmam o elevado nível de compreensão mútua entre as partes são o apóio
ucraniano nas eleições do brasileiro José da Silva Graciano ao cargo do Chefe
da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação das Nações
Unidas, e compromisso brasileiro de apoiar a candidatura da Ucrânia nas
eleições dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU para o
período 2016-2017.

Hoje em dia, o Brasil não é apenas estratégico, mas também o principal parceiro
econômico da Ucrânia na América Latina. Segundo as estatísticas da Ucrânia e do
Brasil, o comércio bilateral entre os países em 2011 atingiu um nível de mais
de US $ 1 bilhão, que corresponde ao nível pré-crise de 2008. Além disso, as
partes estão ativamente a desenvolvendo vários projetos conjuntos de alta
tecnologia. Particularmente trata-se do programa “Cyclone-4 –
Alcântara” (projeto de construção do cosmódromo em Maranhão para os
lançamentos espaciais utilizando o foguete ucraniano), bem como de constrição
no Brasil de uma fábrica de insulina utilizando tecnologias ucranianos.

A Ucrânia está disposta a aprofundar a cooperação mutuamente benéfica com o Brasil nas
indústrias de alta tecnologia, nos quias nosso país tem as mais modernas
práticas e tecnologias. Em particular, na construção aeronáutica, construção
naval, máquinas industriais, indústrias químicas e de mineração. Por seu lado,
a economia ucraniana está interessada em tecnologias brasileiras de
biocombustível e desenvolvimento de depósitos de hidrocarbonetos profundas.
Alto potencial de desenvolvimento tem a cooperação técnico-militar.

A parte ucraniana considera as amplas perspectivas para o aprofundamento da cooperação
na área de educação e formação. Em particular, no âmbito do programa do Governo
do Brasil “Ciência sem Fronteiras”, nosso país está pronto para
oferecer os serviços de suas universidades que têm a experiência reconhecida em
todo o mundo em formação dos especialistas, particularmente para as indústrias
de alta tecnologia, incluindo foguetes e aviões.

Um papel significativo no desenvolvimento da cooperação bilateral entre os dois países
desempenha a comunidade de meio milhão dos ucranianos no Brasil, que
recentemente comemorou um aniversário notável – 120 anos do início da imigração
ucraniana para o Brasil. Este papel dos ucraninanos em desenvolvimento
sócio-económico do Brasil é reconhecido pelos autoridaes deste país
sul-americano. Isto é comprovado, em particular, por adopção pela parte
brasileira da lei, que estabelece o  Dia
Nacional da comunidade ucraniana no Brasil, celebrado anualmente em 24 de
agosto. A contribuição importante da comunidade ucraniana para o enriquecimento
da cultura plural distintiva do Brasil foi destacada também pelos Chefes dos
dois Estados em uma declaração conjunta durante a visita de estado recente do
Presidente da Ucrânia ao Brasil.

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